O que me deixa mais triste

Poucos meses após a perda da minha mãe, um mês para ser precisa, zanguei-me com o meu tio, ou antes o meu tio zangou-se comigo por um mal entendido criado pela minha avó. É o meu tio mais novo, era o tio por quem tinha mas estima, aquele que me fazia recordar a minha infância, os momentos no parque, na eira, no baloiço de casa, as voltas de mota e muitas outras recordações boas.
Ele foi-se da minha vida.
Meses mais tarde, percebi que não foi só ele que se tinha ido da minha vida, foi a minha prima (filha dele, foi o meu padrinho e foi a minha madrinha (todos eles irmãos da minha mãe).
Nunca consegui fazer o luto destas partidas, nunca consegui perceber a ida embora daqueles que esperava ter por perto, para me "protegerem", para que nos protegêssemos uns aos outros, mas simplesmente foram-se. 
O meu tio é o único que se vai mantendo por perto, apesar de ter sido o único com quem me zanguei, e hoje quando me tocou a campainha, com uma caixa cheia de amêndoas, percebi que o mais dói é não me conseguir dar, não conseguir encara-lo, olha-lo e ser como sempre foi.
A morte não une, a morte só separa.

Comentários

  1. É triste, de facto. Mas pode ser que com o tempo e coragem acabem por se resolver.

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  2. Depende... Eu perdi o meu tio há menos de um mês. E sinto-me mais próxima da minha família do que nunca. Acho que é a altura para nos unirmos, cada vez mais. Isso que descreves é muito triste. Um dia, vai ser tarde demais para fazerem as pazes :(

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  3. Nada que uma conversa franca não resolva! Tendo o intuito, claro está, de resolver as coisas mas dizendo o que há para dizer!

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  4. Acredita! Foi com a morte do meu pai que eu vi a face de uma pessoa muito próxima, e a morte da minha mãe voltou a confirmá-la.
    Beijinhos!

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